Quando digo que não quero casar, muitas pessoas me julgam
como insensível, desapegada e nada romântica. O “casar” que eu digo é no
sentido fútil da coisa. Não quero gastar uma fortuna em uma festa de
aparências, com muitos convidados que não fazem parte do meu dia-a-dia, encher
a cara de maquiagem, fazer o noivo fritar num terno, fazer
um juramento sob uma
religião que não sigo. Não julgo quem casa, porque cada um tem uma opinião e
uma experiência diferentes (acho até admirável, porque na verdade é um ato
muito bonito). A minha não foi boa. Tanto é que entro em pânico quando me convidam
para um casamento. Pode parecer bobagem e eu fico até com vergonha de me apavorar
com uma coisa tão simples, mas acontece, fazer o quê?! Fico angustiada e
ansiosa e na maioria das vezes em que me forço a ir, acabo indo embora logo no
comecinho da festa, porque simplesmente não consigo segurar a tristeza. E
chorar de tristeza no dia mais feliz de outras pessoas não é algo que eu considere
adequado.
Então, vou casar, sim. No sentido real da coisa. Pelo menos,
para mim, casar não é aquela cerimônia na data marcada. É compartilhar a vida,
o dia a dia. É ter companhia para um cinema, para lavar a roupa e para ir ao
médico. É chegar em casa e saber que tem para quem contar como foi o dia, sobre
aquele restaurante ótimo que você descobriu ou ouvir sobre como o trânsito
estava caótico. É ficar ansiosa para ver aquela pessoa, mesmo que você tenha
acordado com ela e que convivam há séculos. É querer ser melhor para dar
seu melhor ao outro. É dar colo, cuidar e receber em troca isso também. É
passar por fases dificílimas, mas não desistir, por mais difícil que seja,
porque o amor é mais forte. E o amor, por experiência própria, não é
suficiente. Temos n fatores que formam um relacionamento. É claro que, se não
existir amor, não dá certo. Mas também é preciso ter paciência, confiança,
respeito, ter seu próprio espaço e saber dar este espaço ao outro. E
sinceridade, muita sinceridade. Mentiras acabam com casamentos e quaisquer
outros relacionamentos. E, no meu caso, é preciso também gostar de cachorros!
Para mim, casar é um estilo de vida, não um acontecimento. É
a decisão de compartilhar a sua intimidade com outra pessoa que tem a mesma
opinião. Por que não pegar aquela fortuna que citei no início e fazer a viagem
dos sonhos? Quem melhor que o meu amor para acompanhar? Que tal usar para
deixar o nosso canto com a nossa cara?
Resumindo: quer fazer cerimônia, faça. Quer viajar, viaje.
Quer apenas dividir o apartamento, divida. Quer que cada um tenha o seu canto,
tenha. O importante é ser feliz e haver acordo entre as duas pessoas, sem
deixar que tradições, pressão ou influência externa sobreponham o que o casal
realmente quer fazer.
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