Ah, as diferenças! Os detalhes que tornam a vida
interessante e a convivência com outras pessoas mais dinâmica e produtiva.
Afinal, se todos pensássemos da mesma maneira, onde estaria a graça de um bom
debate? E o que seria do aprendizado? E dificilmente haveria troca de
experiências. Mas, como nada neste mundo é perfeito, depois de citar todos
estes prós, vamos falar dos contras.
Este texto não é sobre as diversidades que você provavelmente
está pensando. Deixe-me adivinhar: ao ler o primeiro parágrafo, já lhe veio à
mente algo do tipo como uma discussão sobre ateus e cristãos, negros e brancos,
homens e mulheres, liberais e conservadores, corintianos e palmeirenses,
adoradores de gatos ou cachorros, amantes de chocolate branco ou preto. Não,
meu jovem gafanhoto, o assunto aqui é algo muito mais sutil e que talvez, para
alguns, seja até sem importância, mas que me deixa de cabelo em pé: educação
versus a falta dela.
Minha Nossa Senhora Aparecida das Gentilezas com o Próximo, por
que há tantas pessoas que simplesmente ignoram a cordialidade no planeta? Vamos
para exemplos mais práticos, para que você possa entender o que estou
tentando dizer:
1) Pedir licença
Sim, pedir licença, para mim e
provavelmente para você, que lê meu humilde bloguezinho, seja uma coisa
cotidiana e indispensável na vida. Mas para muita gente, acredite, não é. E
muita gente ainda sente-se ofendida e/ou irritada se alguém o faz.
Quantas vezes estou em uma lata de
sardinhas gigante – vulgo ônibus e seus semelhantes – e um indivíduo precisa
passar? É comum você não perceber que a pessoa precisa passar, simplesmente
porque você só tem dois olhos, ambos na frente da cabeça, com um monte de gente
espremida tapando sua visão, então há muitos pontos cegos ao seu redor, certo? Errado!
Para os mal educados, isto é errado! Eles passam te esmagando, empurrando e até
derrubando sua bolsa ou você, e ainda reclamam que ninguém sai da frente. Por
que não pediu licença? Eu me apertaria e faria malabarismos para abrir espaço,
porque sei como é difícil movimentar-se em um ônibus lotado.
Agora, vamos ao outro lado: eu, pessoa que
recebeu muita educação dos pais, vovôs e titia, quando estou na situação do "passante", o que faço: peço licença, espero a pessoa se mover para aí sim, ir
até onde preciso, esforçando-me ao máximo para não esbarrar ou incomodar quem
está no caminho. E muitos destes que estão no caminho me olham feio! Como que
ofendidos porque pedi licença! Agora deixa algum grosso passar derrubando essas
pessoas: nem ligam! Oi?
2) Bom dia e seus derivados
Como é de se esperar, quando entro em um
lugar, seja ônibus, recepção de hospital, restaurante, whatever, o mínimo que
posso
fazer é cumprimentar quem lá está trabalhando. Ora, não é porque é o
trabalho deles me atender, que vou ser grossa, não é? Um “bom dia” ou um “oi,
tudo bem?”, acompanhado de um sorriso tem um grande efeito positivo em quem o
recebe – e em quem oferece também, acredite-. E durante o diálogo que se segue,
ainda tão importante quanto o início, é conversar com educação, calma e
respeito àquele que está lá, sabendo ouvir, além de saber falar. Posso afirmar
isso por experiência própria, pois atendi ao público por anos a fio. Hoje em
dia, praticamente não faço mais isso, o que muito me alegra, porque só Deus
sabe como eu sofri naquele longo período. Imagine a seguinte situação: estou lá
eu, tranquila, fazendo meu trabalho e chega um cliente. Estúpido, falando alto,
fazendo pouco de mim e do meu conhecimento, como se eu nada fosse. E sem nem
falar oi, já entrando e chutando o pau da barraca. Isso acaba com o dia de
qualquer um. É um ódio gratuito que existe dentro de algumas pessoas, que
jamais vou compreender. Se você tem um ódio gratuito – ou não – aí guardado,
trate de controla-lo antes de levantar da cama: ninguém é obrigado a ser saco
de pancadas dos outros. Isso é injusto, feio e tem um efeito muito negativo em
qualquer um.
3) Obrigado e afins
Imagine: sua caneta caiu e alguém
gentilmente a pegou para você. “Obrigado!”, certo? Para você e para mim pode
até ser óbvia a resposta, mas para muitos, não é bem assim. Quantas vezes fiz
uma gentileza e a pessoa nem olhou na minha cara? Não ajudo os outros para ser
reconhecida, mas porque se está ao meu alcance, por que não fazê-lo? Só que,
ser humano cheio de defeitos que sou, espero sim – e talvez isso seja errado -
o mínimo de educação do outro.
Acontece com frequência, quando estou em um
restaurante, por exemplo, o garçom trás o meu prato e quando eu agradeço, o ser
fica surpreso, sem ação. Por que isso acontece? Porque simplesmente a maioria
dos clientes que o coitado atende mal percebe que ele existe e está pouco se
lixando se ele está se esforçando para prestar um bom serviço.
Enfim, depois de tudo isso, concluo que:
Sim, sou uma pessoa intolerante.
Intolerante com a falta de educação e de respeito. Não suporto a ideia de
existir gente grossa. Fico possessa se sou educada e gentil e não recebo o
mesmo tratamento de volta. Ou se vejo alguém sendo tratado de outra maneira que
não seja com cordialidade. E sei que dizem que “não devemos esperar nada dos
outros e mimimi”, mas eu espero, sou assim. E não acho que seja um defeito tão ruim,
porque, afinal, eu poderia estar roubando, matando, mas não... estou aqui sendo
educada e torcendo para que o sejam comigo e com os outros também. E não é nada demais, céus! Somos seres racionais e civilizados, não somos? Ou será que a
grande maioria é só na teoria e manda a prática às favas?
Este tipo de diferença não me atrai, não é
construtiva e eu não faço questão de compreender.
#prontofaleitoleve