sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Um pai como o meu

Tenho visto coisas que têm me deixado triste. Muito triste.
A cada dia este mundo está ficando tão louco, que muitas vezes mal posso acreditar que isso é real.

Desde que li pela primeira vez sobre o projeto que dificulta o atendimento às mulheres vítimas de estupro, senti uma grande angústia. Fiquei assustada com tamanho desrespeito e pouco caso, como se as vítimas de nada valessem.

E então agora temos a campanha #meuamigosecreto. Li tantos relatos absurdos que chorei. Chorei por dentro, com uma dor tão profunda. Senti como se as mulheres ao meu redor estivessem sendo engolidas por um buraco e minha mão não as alcançasse, para que eu pudesse salvá-las. Não importa que eu não as conheça, não importa que eu nunca as verei... elas são seres humanos, são mulheres, são como eu e você. E elas sofrem.
Eu mal posso falar que fui vítima de machismo, se comparada a estas mulheres. Um chefe idiota, um namoradinho ciumento... o que são eles, perto de tantos demônios que estão soltos por aí?

Estamos todas desamparadas. Não temos direito ao nosso corpo, a nossa vontade, a nossa liberdade. Somos vistas como objetos, como seres inferiores que nada sabem e que a nada têm direito.

Sou abençoada. Meu exemplo em casa passa muito longe destas monstruosidades. Agradeço a Deus todos os dias pelo meu pai. E oro com muita fé para que todas as mulheres possam ter consigo um pai, namorado, marido, enfim... alguém como o meu pai.

Não sei explicar o tamanho da angústia que sinto, mas sei que é muito grande.
Queridas, gostaria de poder dar a mão a cada uma de vocês, dar colo e fazer tudo isso passar. Perdoem-me por não conseguir fazer isso, mas saibam que estou orando. Orando por você, por sua felicidade e por sua paz.

Seremos livres. Um dia.