terça-feira, 2 de maio de 2017

Prisão invisível

Tudo o que eu queria era sair pra passear. Ver gente, ouvir música, me sentir normal como todo mundo. Mas querer não é poder.
Tudo o que eu queria era fazer coisas corriqueiras, dirigir, ir ao banco. Mas nem tudo é como a gente quer.
O pânico crescente ao me deparar com muitos rostos, muitas vozes, muita atenção, faz minha cabeça girar.
Sentar em uma mesa e papear. Dar risada, estar na companhia de pessoas de quem sinto falta de falar ao vivo... mas a sensação de agonia não permite.
E assim isso vai acontecendo, uma vez, e outra, e mais outra. E como me sinto? Péssima!
É como se eu não gostasse de ninguém. Se eu não fizesse questão, e quisesse apenas ficar trancada em casa. Mas não é isso.
Eu quero viver! Eu quero sair, dar risada, e me sentir segura! Mas alguma coisa não deixa!
É angustiante sorrir por fora, mas estar chorando por dentro. Mentir que estou bem e alegre, mas na verdade, no fundo, tudo o que eu quero é sumir dali.
E o pior de tudo isso, é sentir-me um estorvo. É ser aquela que sempre atrapalha, que sempre tem um problema, que vive cansada e desanimada sem motivo.
É tão desgastante passar a maior parte do tempo fingindo até para mim mesma que estou bem. A energia empregada para tornar uma mentira em verdade é maior do que a que eu realmente tenho... e, no final, nunca dá certo.
E a frustração de passar anos sob controle, conseguindo manter todas estas sensações presas atrás de uma porta frágil, mas que permanecia trancada, e, de repente, ela não querer mais fechar? Quando estou quase empurrando tudo pra dentro de novo, mais alguma coisa surge pra forçar e voar pra fora, junto com o que já havia ali.
E as sensações começam a invadir o corpo, além da mente. Transformam-se em dores, mal-estares e doenças que não deveriam estar ali.
Então o resultado é o sentimento de derrota. Derrotada por algo invisível, algo sem motivo, algo que vem de mim mesma. E, se nem eu estou conseguindo me vencer, quem conseguirá?




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